4 de fevereiro de 2017

WRC: NOVA EQUIPA DE PROKOP E OSTBERG

Mads Ostberg vai juntar ‘forças’ com Martin Prokop e correr no WRC 2017 com os novos Ford Fiesta WRC. A FIA criou e bem a WRC Cup, mas piloto de ralis que se preze e possa, quer é os WRC 2017…

A ideia da FIA até era boa, em teoria: pensou em manter os novos carros somente com as equipas oficiais; chegou mesmo a falar numa espécie de super-licença para pilotar os WRC 2017; mas a verdade é que os pilotos não acolheram nada bem a WRC Cup, pois o que pretendem é pilotar o mais depressa possível os novos WRC. É assim com Andreas Mikkelsen, que durante, e depois do Rali de Monte Carlo, não se cansou de dizer que quer é um World Rally Car dos novos. E o mesmo se passa com Mads Ostberg e Martin Prokop. Se no caso do piloto checo nada mudou do ano passado para este, já o norueguês foi, até certo ponto, uma das ‘vítimas’ da saída da Volkswagen do Mundial de Ralis, ainda que o seu ‘desvio’ da M-Sport sempre tivesse estado previsto acontecer, como irá perceber melhor nas próximas linhas, mas já lá iremos.

De qualquer modo, no contexto atual do WRC, faz todo o sentido que Mads Ostberg e Martin Prokop juntem as equipas, pois muitos dos custos diluem-
se estando juntos, e como o mais importante para cada um deles é correr, as vantagens são enormes. Juntam patrocinadores, e criam uma equipa que unida é maior do que as duas em separado. A Adapta já foi vista no WRC, por exemplo quando venceu com Ostberg o Rali de Portugal de 2012, mas desde que o ‘seu’ piloto passou para a Citroën e depois para a M-Sport, a equipa privada manteve-se apenas em competições regionais. A estrutura ainda não foi oficialmente apresentada, mas deverá manter a designação de Adapta, agora com a Jipocar lá ‘metida’. Curiosamente, Mads Ostberg sai da M-Sport, como antes já tinha saído da Citroën, depois de ter sido sempre o piloto que mais pontuou nas duas equipas. Quanto a Martin Prokop corre no WRC desde 2005, começou nas duas rodas motrizes, sendo que aos 29 anos. Mads Ostberg ‘roda’ desde 2006. Dois ‘velhos’ clientes do WRC!

A equipa vai estrear-se no Rali da Suécia e esta será a primeira vez que um WRC 2017 vai surgir numa estrutura privada – Elfyn Evans correu no Monte Carlo com as cores da DMack, mas a equipa está agregada à M-Sport. “Depois de ter pilotado para equipas oficiais, montar esta equipa tem sido desafiante, pois envolve muito trabalho. Por outro lado, também é engraçado. De qualquer forma o nosso programa ainda não está 100 por cento determinado”. Na Suécia vai correr somente Mads Ostberg, que devido a razões pessoais não marcará presença no Rali do México, pelo que aí será a vez de Martin Prokop se estrear com o novo carro ‘vencedor’ de Monte Carlo. Depois disso a ideia é passar a haver dois carros disponíveis e, a partir daí, os dois pilotos participarem em todas as provas de 2017: “Os detalhes ainda não são completamente claros, mas como é lógico queremos dois carros e o Martin (Prokop) vai ser o outro piloto! Só receberemos um carro na Suécia e no México, mas depois teremos dois”, disse Ostberg.

Os detalhes do projeto poderão ser anunciados a qualquer momento: “Os dois carros vão correr pela mesma equipa, mas, para já, não está definido se correrão com um esquema de cores igual. Temos alguns patrocinadores comuns e outros de cada um de nós. A Jipocar tem a sua equipa em Brno, na República Checa, onde o Martin tem a fábrica, e o que vamos fazer é uma ‘joint venture’ com a Adapta, mas é basicamente uma nova equipa que está a nascer. Estamos numa fase de escolher as pessoas de diferentes áreas, vamos tentar misturar as nossas experiências. Algumas das pessoas virão da equipa do Martin (Prokop), mas ninguém virá de Dovenby (M-Sport). A especificação dos carros (2017) será a mesma que a M-Sport está a utilizar, e o Malcolm Wilson prometeu que iremos utilizar sempre a última especificação dos carros, isso ficará escrito no contrato. Portanto, serão exatamente iguais aos carros da M-Sport e só iremos utilizar carros de 2017”, explica o norueguês, que preferiu ser ‘dono’ do seu próprio destino: “O meu objetivo passa por correr ao mais alto nível e só disputarei eventos do WRC ao mais alto nível”, disse, convicto.

PROJETO A DOIS ANOS
A nova equipa vai correr com os mesmos pneus da M-Sport, os Michelin, e, neste momento, Ostberg só tem previstos 24 meses de ralis: “Para já o projeto está pensado a dois anos. Os meus patrocinadores estão acordados para esse período, “ revelou. Uma das questões em relação ao norueguês passa por saber se está em alguma espécie de ‘stand by’ quanto à possibilidade de voltar a ser piloto official da M-Sport, pois, como se sabe, Sébastien Ogier tem apenas um ano de contrato. Por isso a questão foi clara. Tens alguma opção para ser piloto official na M-sport?: “Tens que perguntar ao Malcolm Wilson acerca disso, mas para ser sincero nunca falámos disso. O conceito da nova equipa cresceu bastante cedo noo ano passado, não me lembro da data exata, mas penso que a meio de 2016. Fizemos os nossos planos muito cedo e desse ponto de vista penso que o Malcolm percebeu o que queríamos fazer, pelo que essa questão nem se colocou. Do meu ponto de vista foi isto que quis fazer, e é o que estou a fazer”, revelou Ostberg, que tem bem definido o seu caminho: “A nossa ideia é fazermos tudo com o nosso pessoal. Faremos os nossos testes e tudo partirá de nós. A equipa do Malcolm a mesma coisa, também fará as suas coisas como tem de fazer. Nós teremos os nossos engenheiros e uma equipa completamente à parte para gerir as nossas provas. Claro que vamos receber peças da M-Sport, mas toda a preparação do carro para cada rali será feita por nós. O Quirin Muller, da Jipocar, será o manager da equipa”, frisou Ostberg.

Outro ponto curioso é que Mads Ostberg é um dos poucos pilotos que já teve oportunidade de pilotar os novos carros, e numa altura em que toda a gente quer saber tudo sobre os WRC 2017, aqui vai: ”Pilotei o carro em asfalto e terra mas não na neve. É muito bom, não guiei muito e não fiz um verdadeiro teste, simplesmente guiei o carro. É um muito interessante, porque é bem mais rápido que os WRC de 2016. De facto é mesmo extremamente rápido. Mas quando começar os testes para a Suécia poderei dizer mais. Comparado com o de 2016, o carro é muito diferente, especialmente em termos de potência, e também na forma como ela surge. É um carro completamente diferente. Se eu entrasse no carro sem saber o que era, nunca diria que era um Fiesta, pois nada tem a ver com os anteriores. De momento não sei mesmo que tipo de desafios vamos ter com o novo carro e, por exemplo, preocupa-me um pouco a fiabilidade. Com toda a aerodinâmica será um grande desafio em ralis como a Sardenha, com as estradas duras e pedras encrustadas na estrada. Tenho a certeza que a aerodinâmica vai ficar muito danificada e isso vai notar-se muito na maneabilidade do carro. Já o diferencial central não será novidade para mim. O dianteiro e traseiro são mecânicos, portanto é basicamente o que já usámos em 2010, nos antigos WRC de dois litros”, revelou o piloto que está entusiasmado com a nova época: “É algo em que já penso há muito tempo. Tive bons sucessos com a nossa pequena equipa no passado e quero ter esse sentimento novamente. Claro que vamos estar num plano diferente, porque estamos a criar uma nova equipa. Outra coisa interessante será trabalhar no desenvolvimento do carro. É algo que me deixa ansioso e que quero muito fazer. Ainda bem que tenho patrocinadores que me permitem fazer isto desta forma”, finalizou Ostberg.

Martin Holmes/JLA

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